sexta-feira, 15 de maio de 2020

Quando a Constelação acontece, mas...



                                      

O meu primeiro contato com a Terapia Sistêmica foi numa sessão em grupo. Eu estava ali, naquele workshop, para curar minha ancestralidade feminina e, de repente, surgiu uma Constelação Familiar no processo.
Eu confesso que achei estranho. Tive uma mistura de sentimentos que iam da curiosidade e entusiasmo à desconfiança. Mas a sensação (inesquecível) que eu tive ao representar a "culpa" no sistema de alguém foi suficiente para que eu me entregasse definitivamente a essa terapia.
Eu senti um alívio tão grande quando a sessão encerrou! Ressignifiquei muito do sentimento de culpa que eu trazia da minha família, confirmando que não fui escolhida à toa, o campo me convocou para essa experiência pela vibração da minha alma.
Nos dias que se seguiram eu estava plena, feliz e livre da culpa. Um peso saiu das minhas costas. Mais de um ano depois, numa outra experiência, dessa vez constelando a minha família, eu simplesmente não consegui entender quase nada que se apresentou no meu campo.
Quando isso acontece, a orientação é aguardar e esperar o campo se movimentar – o que pode acontecer rapidamente ou não. As coisas não precisam passar pela cabeça para que o coração compreenda. 
Então, antes de achar que a Constelação Familiar não fez sentido ou não funcionou, aconselho a observar internamente alguns pontos:
– Estou muito ansiosa ou tentando controlar e racionalizar as situações à minha volta?
– Estou apegada num papel de vítima ou numa posição de arrogância?
– Estou de coração e alma fechados para o novo e para as soluções? – Estou resistindo e escolhendo não olhar para essa dor?
O autoconhecimento é um longo caminho. A Constelação Familiar é só uma das fontes que pode nos abastecer nessa trilha.
Alguns encontrarão essa fonte no início da travessia, servindo de impulso para a viagem. Para outros ela estará no meio do caminho como um incentivo para prosseguir. Outros só a encontrão na chegada, quando perceberão que tudo foi certo como foi e se sentirão aliviados ao entender que valeu cada passo dado até aqui. Haverá ainda aqueles que passarão por essa existência sem terem experimentado, sequer conhecido essa grande terapia. E está tudo bem assim!

Ana Paula AC.
 

Tudo que fazemos por nós é um ato de amor para o outro.



Nesse momento o vizinho canta ao som amplificado do microfone enquanto toca violão. Não, não está acontecendo nenhuma festa.

Ele, assim como eu escrevo agora, canta para sobreviver. Canta para escapar da dureza e das limitações que vez ou outra nos desafiam.
E assim vamos, dia após dia, buscando recursos internos para seguir em frente. Ele canta, eu escrevo, a Kátia cozinha, a Valentina pinta, a Ada borda, a Jussara tece, a Amanda medita, a Renata alonga, a Ângela cria, a Patricia produz e por aí vai! Somos todos um só!

Assim como meu vizinho canta sem saber se está agradando e sem se preocupar em receber aplausos, eu escrevo aqui.
Escrevo para lembrar que somos todos importantes. Que a sua dor ressoa em mim, mas que a sua alegria também me faz feliz.
Eu escrevo para te dizer que já é possível convivermos sem ofender ou sem nos sentirmos ofendidos.

Eu escrevo para anunciar que um novo tempo está chegando!
E que o despertar já começou.
Gratidão ao meu vizinho, ele nem sabe o bem que me fez ouvi-lo cantando. Gratidão também a Kátia, a Valentina, a Ada, a Jussara, a Amanda, a Renata, a Ângela, a Patricia e a você que está lendo agora esse texto. Somos um só.

Tudo que fazemos por nós é um ato de amor para o outro.
Vamos vibrar numa corrente de amor?

Por Ana Paula Araújo Carvalho